Estava com ele

encostado a mim, a minha cara contra a dele, pele a pele, respiração a respiração, quando me lembrei: os meus filhos são eternos.

Os meus filhos vão crescer perto de mim, sempre. Vão estar comigo e eu com eles desde o dia em que nasceram até ao dia em que eu me for, à frente. E depois ainda mais. E por isso vão ser eternos, para mim.

Vão crescer, aprender coisas novas nos livros e nos dias que lhes acontecerem, vão rir e chorar, deitar-se e levantar-se, acordar e adormecer, e todas as outras coisas, e eu vou ver, mais de perto ou talvez um pouco de longe, não faz mal.

Vou conhecer-lhes as derrotas e as vitórias, os amores e os desencontros, talvez os filhos, espero que sim. Vão crescer-lhes rugas à volta dos olhos e no canto do sorriso e depois em todo o lado, e vão viver tudo o que há para viver, de bom e de mau, porque o mau também ensina. Os meus filhos são eternos.

Não vou conhecer a dor de os perder nunca, não, não seria capaz.

O meu filho mais pequeno cheira a bebé e aquieta-se aos meus beijos, no colo. Os meus filhos são eternos, os meus filhos são eternos, os meus filhos são eternos, SIM.

(Para a S., um beijo e um carinho)