2005-10-20

La famiglia

Em conversa escrita com uma amiga, falamos da vontade dela de regressar à cidade onde estudou e da pouca vontade de ter que lidar na base diária com a sogra.
Não é surpresa para mim, já sei das relações menos boas que tem com a família dele. Também não é a única amiga ou conhecida que tem estas dificuldades.

A questão é que a pessoa com quem decidimos viver vem sempre com um pack familiar atrás. Há packs maiores ou menores, mais ou menos presentes, mais ou menos agradáveis. E se já é difícil encontrar alguém com quem nos identifiquemos ao ponto de partilhar loiça e roupa suja, acordares despenteados e menos glamorosos, entre outras coisas, muito mais complicado é escolher alguém que venha com um pack familiar que nos agrade. E será que isso é importante?

Eu nunca pensei muito nisso até ter que partilhar a minha vida com o M. e, por consequência, com a família dele. Nunca me preocupei em conhecer a família dos meus namorados para evitar futuros problemas. Era o que faltava.

Mas agora acho que a relação do casal é afectada pela relação com as respectivas famílias. De formas diferentes claro, porque todos somos diferentes.

Eu e o M. vimos de famílias pouco parecidas. A nossa dinâmica familiar tem pouco de semelhante. Tanto no agregado familiar "base" (pais e irmãos), como no conceito de família mais alargado (tios, primos, avós). Assim, de uma forma geral, na minha família sempre houve mais rotinas, segurança e estrutura e na dele mais intimidade, proximidade e companheirismo. Por outro lado a família dele, alargada, é muito mais unida que a minha, mais que não seja por viverem (quase) todos na mesma cidade. É assim uma espécie de clã.

Confesso que adoro a família do M. como se fosse a minha desde sempre. Até me identifico mais com eles que com muitos dos meus (não estou, claro, a falar de pais e irmãos). Também admito que as maiores divergências que tivemos um com o outro se deveram a questões relacionadas com a família.

Eu própria, que admito ter uma boa relação com a família dele, teria que pensar muito bem a decisão de me mudar para ao pé deles.

Na minha opinião, é importante haver uma boa relação com a família do outro. Respeitar os laços fortes que existem, não nos sentirmos ameaçados por eles.
Mas também é importante preservar a nova família que se forma. Deixá-la ter um espaço e vida próprios. Sem demasiadas interferências ou intromissões. Há amarras que devem ser cortadas. É um equilíbrio que deve ser gerido pelo casal. Em respeito pela maneira de ser dos dois. E não é fácil.

15 Comments:

Blogger scaf said...

não sei como consegues...mas tens sempre as palavras certas para tudo.
Não diria melhor. Lá em casa os pais são motivos de grandes (eu diria quase únicas) discussões.

11:10  
Blogger Ana Rute Oliveira Cavaco said...

sim.
(a tua amiga já tem filhos?)

11:22  
Anonymous Anónimo said...

Não é fácil, não.
Sobretudo não é fácil estarem (os dois) constantemente atentos ao que pode vir a ser um problema (ainda que pequenito) para o outro.
Mas a "sobrevivência" do casal depende muito desta capacidade de gerir bem esse equilíbrio ... (mas não é só isso como é óbvio)

11:28  
Blogger LP said...

Acho que o grande equilíbrio que existe lá em casa é devido a nós sermos muito parecidos e temos a mesma opinião em relação aos outros membros das nossas famílias. Assim não há divergências...

Bjs

11:33  
Blogger Jolie said...

Pois é mesmo assim.

13:12  
Blogger Raquel said...

Sim...eu tenho uma relação muito complicada com o meu sogro.
E sim já tive inúmeras discussões com o marido por este motivo.
É realmente difícil...gerir o bom ambiente familiar e as convições próprias que temos em relãção ao que devia ser. Então desde que nasceu o Gabriel as coisas pioraram substancialmente.
Mas falaste bem...como sempre é teu apanágio.

13:14  
Blogger Gambozina said...

Olá! Tropecei neste texto e fiquei encantada. Pôs em palavras aquilo que eu sinto. É complicado gerir o equilibrio das famílias. E por mais que eu concorde que, não descurando da familia de cada um, devemos prezar e acarinhar ainda mais a família a dois (e depois a três, a quatro, etc), tenho receio de não o conseguir fazer com a minha própria famila. Tenho receio de não conseguir criar a "distância" necessária para dividir o antes de casada do depois. Enfim, tudo se resolve!

13:51  
Blogger Ana Rangel said...

Este teu último parágrafo retrata bem aquilo que sinto... tenho uma relação óptima com ambas as famílias mas cortei as amarras de que falas e não seria capaz de voltar para a mesma cidade (sequer).

Aquelas pequenas "merdices" (desculpa a expressão) que existem porque moram perto e estão SEMPRE em contacto, tiram-me do sério...

14:53  
Anonymous Anónimo said...

Nós temos os dois famílias muito unidas e de convívio muito frequente. E o mais difícil tem sido, ironicamente, conseguirmos libertar-nos um pouco dessa rede familiar para termos tempo para nós. Somos ambos os filhos mais velhos, os primeiros a sair de casa e, por isso, muito reclamados pelos pais em todos os momentos...
Felizmente, o único "problema" é este.

14:54  
Blogger AnaBond said...

gostei de ler...
e é engraçado porque me identifiquei contigo... mesmo na parte onde dizes que te identificas mais com a família dele do que com alguma tua... é sem tirar nem pôr...

beijo

15:04  
Blogger InêsN said...

partilho todas as palavras da nadiasm...

15:10  
Blogger Bekas C. said...

Há situações complicadas, principalmente quando se querem meter por tudo e por nada... tem que se saber "educar" as familias!!
;)

15:13  
Blogger Mar said...

Também concordo! Gerir a família dele não é fácl para mim. São muitos e cada um puxa para seu lado, principalmente desde que temos o P. Mas tento fazer o melhor, até porque as criaças precisam de pessoas que lhes queiram bem, independentemente do sentimento que nutrem pelos pais ou que nós nutrimos por elas. Pelo menos é o que digo a mim mesma muitas vezes :)

15:31  
Blogger Cláudia said...

Ambas as famílias foram evoliundo, foram-se modificando... e isso fez com que nós também (eu e ele) alterassemos a nossa forma de lidar com uma e com outra. Cedências, condescendências, compreensões... Porque agora as três famílias (a minha, a dele, e a nossa) têm um GRANDE ponto em comum: os nossos filhotes...
Beijinhos mimados.

09:08  
Blogger Cláudia said...

(ai... ainda estou a dormir, com certeza: «evoluindo», claro)

09:09  

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